"À Beira dos Caminhos..."

O lugar da paisagem assume inúmeras variantes face à multiplicidade de propostas, quer na abordagem do próprio referente, enquanto consequência visual, quer através do encontro interpretativo textual. Este é um daqueles projectos que tem permanecido na gaveta, já há bastante tempo e que ocasional e timidamente, espreita e se apresenta, quer nos grafismos rápidos, imediatos, em pequenos cadernos e através das objectivas fotográficas, quer nas grandes superfícies gráficas e pictóricas. Às possibilidades que as câmaras digitais nos impõem, sucedem-se a análise sintética e a tradução gráficas, em obsessivos e exaustivos desenhos, monocromáticos, ao sabor da tinta negra dos feltros industriais. Raramente utilizo outro media nestes estudos. Indolência? Como denominador comum, a ideia de Desenho/ Estrutura para criar a acção. O gesto criativo é uma inferência primária do conceito, em que o lugar da paisagem surge também como uma consequência, que será mais estrutural que física, recorrendo então à construção e composição enquanto alternativa de apresentação. Sobretudo o choque visual do encontro entre natureza e construção, entre serenidade e a violência da sua destruição, pelo fogo, água ou ar. Nos contrastes entre nuvens e fumo dos incêndios, há sempre um lugar para a divagação. A violência dos ventos sentida nos limites das superfícies e na dramática curvatura das árvores, que insistem em resistir, torna-se ela própria um referente semântico com inúmeras possibilidades.

Luís Herberto


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À beira dos caminhos…
2007, 30 x 30 cm; óleo s/ tela